A MÚSICA DA SEMANA
(Comentário de Raquel Lima Damasceno)
Devido apreciar bastante a arte musical fiquei tentada à leitura do livro. Logo de cara, deparei-me com uma feliz coincidência: o hábito do autor em compartilhar canções do seu agrado, com amigos e familiares; prática que há algum tempo também costumo fazer, incluindo pequenos comentários da minha percepção e, claro, do pouco que eu souber sobre a música que seja o foco.
Mas, como afirma Jung, somos todos partes de um inconsciente coletivo, assim, alguns podem compartilhar hábitos similares mesmo que com alguns gostos comuns e outros distintos. Essa é a graça da diversidade.
É fato que há canções que conseguem impactar a todos (ou pelo menos a grande maioria) que, de fato, saibam apreciar uma boa música. O que dizer de Nessum Dorma, uma das últimas árias da ópera Turandot, por exemplo. Acho que dificilmente tenha quem não se emocione com aquela música!
Enquanto lia, imaginei que o lançamento do livro tenha sido acompanhado pela trilha musical descrita na própria obra, o que deve ter proporcionado um evento bem agradável aos convidados... supondo isso, procurei fazer a leitura ouvindo alguma das indicações do livro, cuja canção eu ainda não conhecesse.
É maravilhosa descrição do autor sobre o que sente ao pisar em um Teatro e em um Estádio sei exatamente o que quis repassar. Lembro da minha emoção quando, em Frankfurt, fui ao teatro onde primeiro foi executada Carmina Burana, de Carl Orff, em 1937 (reaberto em 1981, visto que foi destruído por bombas aéreas, em 1944).
Muitas vezes a música vem e nos conquista de supetão. Outras vezes há canções que de primeira não nos contagia e, tempos depois, após escuta-la passamos a ter um carinho por ela, provavelmente pelo poder que a música tem em despertar nossa memória afetiva.
É muito bom quem sabe apreciar diversos gêneros musicais, principalmente os que valorizam as raízes das inspirações como, por exemplo, da música sertaneja original, uma das que o autor comenta no livro.
Propositalmente, não informo aqui o nome das canções, destacadas pelo autor, para que interessados no tema procurem o livro para apreciá-las mas, posso afirmar que há dicas para todos os gostos: da música clássica, à música sertaneja; de serenatas, ao romântico; do samba exaltação, ao samba de breque; do samba canção, ao partido alto; da valsa, à MPB; do Pop à religiosa; da polca a outras músicas do cancioneiro internacional (ex: grega, italiana, francesa, americana...), afinal essa arte faz parte da linguagem universal. Essa afirmação me fez lembrar o momento do filme Contatos Imediatos de Terceiro Grau (de Steven Spielberg) no qual o som e suas entonações musicais acabam aproximado as personagens e possibilitando a sua comunicação.
Apenas uma observação: como tentava acompanhar a leitura ouvindo a canção de cada capítulo, senti falta do nome do autor em algumas melodias para poder procurá-la no canal virtual mas, como tinha letra de cada uma, acabou dando certo identificá-las (é q receei algum título homônimo).
Enquanto escutava as músicas indicadas, imaginei o quanto possa ter sido difícil escolher algumas dentre tantas canções; mas o autor fez com a maestria de um bom apreciador dessa arte e ainda embalou-as com curiosidades sobre elas e as situações em que estava ou os momentos que lhes faziam recordar.
Outro cuidado do autor foi ponderar sobre os momentos adequados para cada gênero musical. Além das dicas das canções o autor ainda nos brinda com algumas frases célebres.
No mais, é uma leitura prazerosa que nos faz acrescentar algumas das canções indicadas no livro, em nossa própria playlist. Quem ainda não tem em seus arquivos organizada sua própria coleção de músicas, sugiro montar sua lista. É super agradável e adequa-se em várias situações.
Enfim, como afirmei que não citaria as canções destacada no livro, para não estragar a boa surpresa para quem ainda for ler, seguem apenas alguns trechos das citações e percepções do autor.
"...Mendelssohn, diante do talento do filho de apenas 9 anos fez a seguinte reflexão: "Antes eu era filho do meu pai; agora sou apenas pai do meu filho.""
"...De posse do kit para seresta (vitrola, violão e cachaça), ficávamos entre um gole e outro, entre uma música e outra nos batentes da velha "Ponte Seca", aguardando o início da jornada..."
"...Hoje, nas poucas idas à minha cidade, vejo com tristeza e saudade as mesmas praças, desertas e tristes. A amplificadores já não existe e a juventude, ora alegre, encontra-se dividida entre as novelas, os bares e as drogas..."
"...o escritor Germano de Novais... assim se expressou: "A música é, para mim, a mais espiritual das artes. Procuro entender a linguagem dos sons, dos acordes e das melodias. Deixo impregnar-me pelas ondas de harmonia e sonoridade. Às vezes imagino estar tomando um banho espiritual de incríveis combinações de músicas geniais. Deixo então a música penetrar na minha pele é na minha alma, como se fosse uma chuva abundante de sons que me harmonizam o corpo, a mente e o espírito.""
"...Engana-se quem assim pensa. A verdade é que existe certa afabilidade de nossa parte para com aqueles que já partiram. Inclusive é necessário que o presente se torne passado para valorizar aqueles que fazem história no presente..."
"...Ainda muito jovem, entre os anos de 1972/1973, ouvi nas rádios (isso mesmo, faz bastante tempo) dos meus pais uma música americana que ficou eternizada na minha memória em face da beleza que é a sua melodia..."
"...Se olharmos para baixo vemos, frequentemente, nas encostas das calçadas, dezenas de crianças e jovens abandonados que a sociedade pudica e insensata os alcunha de trombadinhas, moleques, flanelinhas, viciados, traficantes e outros cognomes inaceitáveis..."
"...Naquele dia, o velho mestre aniversariava e, para homenageá-lo, a coordenação distribuiu dezenas de rosas para serem jogadas ao palco durante a sua apresentação ao cantar "As Rosas Não Falam"..."
"... As jovens-moças, algumas delas meninas-moças, com as suas saias largas e plissadas, um pouco abaixo do joelho, destacam-se em roda no meio da praça, como se um jardim fosse e ficavam a cantar..."
"O ego é aquela parte de nós que quer ser vista. Por isso, quando alguém nos conta um feito, somos tentados a pegar uma carona no seu sucesso, contando uma situação pessoal. Assim, diminuídos na alegria de compartilhar o êxito alheio, revelamos um lado mesqujnho e invejoso."
"Tudo o que é necessário para que o mal triunfe é a omissão dos homens de boa índole."
"Vaidade é quando s gente abdica da nossa essência por outra, geralmente pior."
"Simplicidade é o comportamento de quem começa a ser sábio."
"Evolução é quando a gente está lá na frente e sente vontade de buscar quem ficou para trás."
"É muito bom ser elogiado e reconhecido. Porém, cuidado. Segundo os ensinamentos das tradições espirituais, não há nada mais venenoso para o espírito do que a bajulação. Seu efeito é imediato e desastroso: uma ilusória impressão de importância. É, em função disso, vai precisar água abaixo a vontade de crescer."
"Os conhecimentos nos dão meios para viver. A sabedoria nos dá razões para viver.