Maria Silonildes de Mesquita
Titular da Cadeira nº 38
DISTANCIAMENTO SOCIAL UMA PALAVRA DE ORDEM ? !
Depois desta pandemia muitos falam que tudo vai ficar bem melhor, ora esta, bem melhor nada! Não acredito. Mais agora que os egoístas ficaram mais alimentados pelo seu próprio ego e pela sua solidão. Até o trabalho aprenderam fazer em carreira solo, no Home – office. Agora é que não mais irão esforçar- se para interagir com os outros, ensinar os mais lentos. Veja eu, sou carente, movida pelo amor aos meus familiares e amigos, descobri-me forte neste “distanciamento Social”. Também descobri que ao meu redor tem muita gente que não vale a pena se conviver, pobres de espíritos, orgulhosas, soberbas, vaidosas ao extremo, só olham para o seu próprio umbigo, inimigas do bem, revanchistas, vivem brigando nas redes sociais e mostrando que não se importam com gente, só se importam em ver seu time ganhar, suas ideias ganhando. Não sabem dar “à mão a palmatória”, lhes falta humildade. E o pior, se você não pensar igual te deletam, se intrigam. Cadê o espirito de coletividade, de brincadeiras nas redes sociais? Que haja torcida por aquilo que você acredita, mas que haja humor, amor, respeito. Agindo assim estamos nos curando com o outro. O mundo pede que sejamos assim.
Bendita foi para muitos esta ordem este modismo comportamental de “Distanciamento Social”. Havia tempo que se vivia com este distanciamento, não tinha ainda esta ordem explicita e este nome tão sútil. Muitos filhos que há tempo não visitam seus pais, seus tios, irmãos, pois não têm amor o suficiente para abraça-los, sentar perto deles e interagir com eles em suas longas e intermináveis histórias. Hoje estes ditos filhos estão se sentindo bem mais confortáveis diante a sociedade, para consolidar seu comportamento de frieza e desamor pelos seus pais. Mesmo antes desta pandemia conheci filhos e mães que estavam ausentes e sem se falar mais de ano e vejam só; mães maravilhosas e ainda lúcidas, ainda sendo orgulho para muitos da família. Pais desprezados e abandonados pelo “comportamento social” dos seus filhos. Que valores de sociedade é esta, em que vivemos, que desprezam pai e mãe? Fonte sagrada de benção e história a nos repassar, filhos ingratos que não podem ter por minha parte nenhuma admiração; sejam eles doutores ou indoutos. Nada é mais curativo para uma mãe idosa, um pai idoso o aconchego, a presença de um filho. Digo isto porque cuido e tenho idosos na família e é isto o que eles mais sentem falta.
Para este tempo de “Pandemia”, do vírus da morte, o que mais mata é o vírus da solidão e do desprezo. Se você não mora com seus pais se reinvente, crie com eles uma maneira de estarem sempre se comunicando através de mensagens, telefonemas, filmagens e vídeo conferência, eles irão amar. Combine com eles um melhor horário para vocês se comunicarem. Naquele dia e momento tudo acontecerá como um encontro curativo e de oração. Eles irão se aprontar para este momento. Não precisa ser todo dia, com esta atitude, você filho, estará alimentando neles a esperança. Neste encontro virtual, leia para eles boas notícias, poesias, história de filmes interessantes e curtos. Evite falar em assuntos polêmicos como; religião e política. Dê vida para eles, não tire a vida deles. Faça uma filmagem, vídeo conferência com eles. Pergunte como estão se alimentando, se cuidando. Passe alguns exercícios físicos para eles e cobre resultados na próxima ligação. Eles irão se sentir amados e seguros, através desta sua atitude. Pode ter certeza que até entre os dois a cura emocional acontecerá.
Para os filhos que estão em casa com os pais, mas que também estão trabalhando fora, se reinventem também, ao chegar do trabalho, deixe os sapatos fora e passe direto para o banheiro, coloque a roupa para lavar e vista uma roupa limpa e use máscaras para conversar com eles, também coloque máscaras neles. Não os abrace e nem beije, eles irão entender. Sente dois metros de distância um do outro, em uma área, um terraço, um lugar arejado. Se esterilize totalmente e saiba que nada de vírus você vai passar para eles. Não se deixe dominar pelo medo, mas também não se arvore pelo amor. Equilíbrio é muito bom e autoconhecimento de sua situação também. Você somente irá passar para eles o vírus da alegria, do amor e da imunidade elevada. Converse com eles coisas boas, pergunte como passaram o dia, como se alimentaram. Proporcione para eles filmes, caminhadas e exercícios, mesmo dentro de casa. Com estes cuidados dos filhos a saúde física e emocional agradece.
Depois do celular, desta era avançada digital, ficamos mais distanciados, não temos mais tempo de ligar para o outro. De dizer ao outro o quanto nos importamos com ele. Feedback nem pensar; ainda muito, um áudio vai e o outro vem, cada um quer dar seu recado sem interação sem espera pelo outro. Não temos mais paciência para isto, os nossos amigos virtuais nos esperam, amigos sem qualidade alguma, são muitos mas se espremermos não ficam 20. Estamos doentes, estamos na UTI e precisamos retornar aos primórdios do tempo, nos isolarmos nos outros e não sem os outros. Muito difícil, mas o diagnóstico está dado, ou fazemos isto ou morreremos sufocados no egoísmo que os novos tempos nos propõem. Hoje tem grupos para tudo, mas esqueceram do grupo dos tios, estes ficaram para trás, se ricos, importantes ainda são reconhecidos, mas se forem pobres e dignos é uma vergonha para eles. Valores invertidos, pobre geração de pessoas se achando ricas e que sabem tudo! Na verdade ainda não aprenderam a lição de casa, não aprenderam ser gratas consigo mesma e em consequência com a vida!
Sabe-se mais da vida alheia e pouco se sabe das emoções e necessidades do outro, pois falta o abraço, o olho no olho a conversa franca. Isto também é caridade. Está tudo muito superficial.
Já existem pessoas que não mais querem encontrar com os amigos, nunca podem ir ao encontro do outro. Estão amarradas por trás de uma internet e ali sabem de tudo, interagem com todos e passam evitar o contato com o outro. Será que não estão doentes, com fobia social? Um convite naquele momento soa para elas como um mostrar-se na sua dor emocional, pensam logo na aparência, no cabelo que não pintou, na unha que não foi feita , na superficialidade. Vivemos de aparência!? Pois somente pensam nas fotos. Temos que entender que os momentos libertadores em nossa vida nunca são fotografados. Quantos encontros com amigos e familiares maravilhosos, que nos esquecemos de registrar através de fotos, mas que irão ficar registrados no nosso córtex cerebral e também na nossa alma. Que sempre ficará mais leve com a presença do amigo. Estas redes social melhoraram para umas coisas, mas pioraram em outras. Quantos laços de amizade foram desfeitos, apesar de que não acredito em amizade quando desfeitas. Amigos são para sempre, independente da opinião do outro. Mas tem gente que não sabe administrar suas emoções e quer se apoderar do amigo e manipular a sua forma de pensar e ser. Na maioria os verdadeiros amigos pensam diferentes, mas é aí que está a cura emocional, aprender respeitar e amar os amigos nas suas diferenças. As redes sociais nestes últimos tempos têm deixado às pessoas doentes emocionalmente.
Tenho observado nos encontros dos jovens amigos, nos bares, restaurantes, eles pouco conversam, sempre estão com o celular na mão como esperando algo, não vivem o momento, não relaxam naquele encontro de amigos ou de família. Isto é o que afirma Augusto Cury; a síndrome do pensamento acelerado, gerando em nossos jovens uma enorme carga de ansiedade. Na nossa casa temos um combinado; se saímos, ninguém pega no celular e nem podemos registrar com fotos para enviar para ninguém, se tiramos é para que sejam guardadas nos arquivos da família, Ordem dos filhos.
É por isto que defendo que estamos neste “Isolamento Social” há muito tempo. Estamos juntos nas fotos, mas sempre separados na falta do verdadeiro amor. A palavra eu te amo foi muito banalizada nos últimos tempos. Amor é atitude, respeito e presença de verdade.
Fortaleza, 12/05/2020