IV Domingo de Páscoa. O Domingo do Bom Pastor.
O mundo de Jesus é o mundo agrícola. Ele se derrama de amor pelo campo. Ela ama o chão. O chão de onde brota o trigo. O chão de onde brota a uva. Por esta razão ele se torna Pão para ser nosso alimento. Ele se torna vinho para ser nossa bebida. Ele faz parábola com a árvore, que gera fruto. Ele fala da árvore estéril, que nada oferece. Hoje ele nos presenteia com a palavra carinhosa do Bom Pastor. A imagem do Bom Pastor é aquele que cuida. Jesus se revela um pastor dedicado a seu pastoreio. Dom Fragoso (1920-2006), durante 34 anos foi bispo da minha terra, tinha um lema episcopal, de um verdadeiro pastor. “ Opportet Illas adducere” (Também tenho de conduzi-las). O compromisso do pastor e com todo o rebanho. Tenho de sentir a dor que a ovelha ferida sente. Tenho de ouvir seu gemido. Tenho de atender o seu clamor. Todos nós somos convidados a trabalhar no aprisco de Jesus. Os pais zelando pelos filhos. Os professores zelando pelos seus alunos. O médico que sente a dor do seu paciente. Que o escuta. Que aplaca a sua febre. O paciente muitas vezes, carrega dentro do seu peito roto, o selo da desesperança. Era médico da UTI da Casa de Saúde São Raimundo quando, o saudoso Paulino Rocha chegou morto após uma sessão de radioterapia. E eu era o cardiologista de plantão. Vinham com ele Gomes Farias, Júlio Sales e sua filha. A filha não acreditou quando atestei o óbito. Queria que eu chamasse o Dr. Paulo Marcelo. Eu o chamei. Logo o médico chegou. Vi no rosto de sua filha um rosto iluminado de esperança. Os seus olhos brilhavam. Segurava o gemido. Cortava o choro. Aparava as lágrimas. Marcelo era o Deus. O pastor que poderia obrar milagres. Aquele médico reunia todas as qualidades de um Pastor. Opportet Illas adducere. Nunca desanima diante da dor que paira sobre o rebanho. Deus é bom!