Meu Rio Grande do Sul.
Não me contive. E as águas das emoções transbordaram. Uma enxurrada langorosa arrastou minha alma para as lonjuras do tempo. Não me contive quando vi aquelas terras se diluindo, em dores e gemidos. Como se brotasse do sei da terra um abissal vazio levando para as profundezas da terra este rincão bendito. A natureza não poupou nem a si mesma. Como um dragão faminto foi engolindo as terras. Os pampas. As prendas minhas. Os rodeios. Os laços, os passos. Foram desabando os folguedos. Os churrascos. A cuia. O chimarrão frio de desalento. E o por do sol do Guaíba desfeito em cores doloridas, das tantas perdas. Uma calamidade. Um Gramado desfeito em cascalho. Esta terra é sagrada. Hoje profanada por este tufão de violência e rancor. Casas derrubadas. Lares desfeitos. Mas logo surgirá a pomba com um ramo de Oliveira e as águas se acalmarão. Voltarão para seus leitos para esta terra renascer. O Rio Grande renascerá mais belo. Mais forte. Mais rico. Tudo passará. Deus é bom!